segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Não, não fales agora



Não, não fales agora
Agora não quero ouvir o que tens para me dizer
Agora não sou capaz
Agora os meus ouvidos são moucos
As minhas palavras mudas

Agora perdi a capacidade de audição
De pensar, de falar, de ter razão
Então, não fales agora
Guarda o teu silêncio para mim
Dá-mo agora que me faz tanta falta

Não, não fales agora
Não me expliques os porquês
Nem me dês essas justificações
Não quero desculpas, explicações
Quero silêncio, por isso, não fales

Não me digas que é assim ou assado
Por isto ou por aquilo
Porque o desgosto sugou-me as palavras
Ensurdeceu-me os ouvidos
E não entendo o que não tem explicação

Não se pode contrariar a lei da vida
O que é suposto, então, não, não fales
Não te incomodes, deixa-te estar
As tuas palavras já não são eloquentes
Já não me chegam aqui, já não as ouço

Houve dias em que gostava de te ouvir falar
Agora habituei-me bem ao silêncio
De não ter uma resposta, uma lembrança
A conversa que me fazia admirar-te
Não, não fales mais.

Não, não fales agora
Agora não quero ouvir o que tens para me dizer
Agora não sou capaz
Agora os meus ouvidos são moucos
As minhas palavras mudas

Agora imagino o que quiser
Por isso, não fales agora
Porque esta liberdade sabe-me melhor
Aperta-me o estômago, mas sabe-me melhor
Então, não fales.

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