terça-feira, 17 de julho de 2012

"Aqueles que não fazem nada estão sempre dispostos a criticar os que fazem algo." Oscar Wilde - E a essas pessoas que nunca sairam das zonas de conforto e que se limitam a criticar trabalho alheio, de rabo confortavelmente sentado no sofá... Ide passear ou ide lá fazer melhor.
Criticar é sempre mais fácil do que fazer ou tentar perceber porque é que certas coisas são como são. Ser profissional é fazer o melhor que se pode, se sabe e se consegue com as ferramentes que se tem à mão. Não fazer, não arriscar e só criticar porque as coisas não são como gostávamos é terrorismo e bullshit. Boa noite e obrigada.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

As pessoas são muito diferentes para mim, tão diferentes que nem sequer gosto que duas pessoas que conheço usem o mesmo perfume. Gosto de associar cheiros a cada pessoa. Atribuir uma música diferente a cada pessoa. Dizer novas frases. Viver novos momentos. Novos sítios. Viver várias vidas dentro de uma só. Atribuir a importância que cada uma tem e nunca, jamais fazer substituições. Não é justo, cada um merece o melhor e não mais do mesmo.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A Chinesa Nua

Chegaste com o teu silêncio
Quando não conseguia ouvir nada
Com um ligeiro sorriso
No meio das lágrimas que caíam
Que me corrompiam e me reviravam toda
Chegaste assim a acreditar nos meus nadas
Nas minhas cinzas
Vi-te calmo ali a olhar para mim
Certo da incerteza que tudo era
Certo das coisas que não conseguia ver
Pegaste em todos os meus bocados partidos
E sentaste-te a colá-los, pacientemente
Ficaste dias e dias a colocar
Tudo no sítio, a construir bocadinho por
Bocadinho, com grande perfeição
Enquanto fazias esse trabalho, eu bebia
Do teu copo que tinha a chinesa nua
No fundo. Ela não me incomodava.
Sabia que enquanto esse trabalho durasse
Tudo continuaria morto e cinzento
As ruas não iam dar a lado nenhum
E tudo continuaria ao abandono
Gostava de ver os comboios passar
Sentia que a vida continuava lá fora
E talvez tu não saibas, mas mesmo aos bocados
Eu amava-te, e era por isso que me arrastava
Na tua direcção sem desistir
Sentia o sangue pulsar no meu corpo
E ia subindo mais um bocadinho
Deixando aquele submundo para trás.
Sabia-me bem o teu silêncio
Enquanto colavas os meus estilhaços
Meia volta sorrias, com os meus bocados nas mãos
Aquele ligeiro sorriso foi puxando o meu
Eu continuava a beber do teu copo
O que tinha a chinesa nua no fundo.
Ela tão muda quanto nós.
A noite ia já a caminho da aurora
Quando terminaste o teu trabalho e uniste
Os dois últimos bocados
Pus-me de pé com os meus olhos enxutos
Com a minha alma renascida das cinzas
A esperança renovada e novos sonhos
Fiquei a admirar aquele belo trabalho e
Corri para ti, abracei-te cheia de tudos.
Beijei-te, enquanto guardava o copo
Da chinesa nua no fundo,
No bolso de trás das minhas calças.


terça-feira, 10 de julho de 2012

Numa estrada à noite, dentro do carro, falava-se de cinema e filmes. Houve um silêncio e quase adormeci. A conversa voltou com o meu amigo a dizer: Viste o Ouriço?
- Não, esse não vi. Isso é o quê, um filme do cinema alternativo ou uma coisa dessas, não? É que nem sei do que é que estás a falar.
- Na estrada, passou um ouriço na estrada.
- Nem sabes a sorte que tiveste de não começar a dissertar sobre o filme "O Ouriço" só para mandar aquela paleta.

Pessoas


Não percebo muito de pessoas
Mesmo quando achava que percebia
As pessoas são demasiado flutuantes
Para se darem a perceber.
As pessoas raramente dizem o que pensam
Raramente admitem o que não sabem
Nunca tropeçam no que sentem
Nunca caem no ridículo
São mais simpáticas e compreensíveis
Do que são na realidade
As pessoas, ironicamente, não são egoístas, nem inseguras
Nenhuma das que conheço o é.
São antes, actores das suas próprias vidas
Onde encenam e poucas vezes se permitem
Mandar tudo à merda e serem como são
Fazerem o que lhes apetece. Falhar e falhar
Como se não houvesse amanhã
Falhar e errar epicamente e para a história
Como se ninguém estivesse a ver
Ah, é verdade, esses são os loucos, sãos os estranhos
Socialmente, é chato mandá-los todos à merda
Dizer-lhes que não quero saber,
Que estou noutro nível, que não deixo as pessoas
Que não são importantes terem qualquer tipo de
Significado na vida, na minha e na dos meus.
O bom de se ser louca, estranha ou muito inteligente
É que não se precisa de aprovação.
Também não é preciso ir contra às regras
E fazermo-nos de coitadinhos para que alguém tenha pena
De nós, da nossa vida miserável,
Do nosso coração mal amado e da nossa alma entorpecida
Que vagueia em busca de compreensão.
Não é preciso chamar a atenção com a
Constante necessidade de provar tudo e mais alguma coisa
Que se é inteligente, bonito, humano, altruísta,
Que se tem uma vida perfeita e feliz… Como se esfregar
Isso na cara dos “outros” (essa grande entidade)
Os fizesse sentir melhor e alimentasse
Aquele vazio que não conseguem preencher
Nem à lei da bala.
É por estas e outras que não percebo muito
De pessoas, e sei que a idade não as torna melhores
Manter a essência, aquela antiga no interior, em vez de procurarem
O nada que só vai aumentar o vazio no peito.
É o maior feito que podem conseguir.
Ninguém te vai dar o que tu queres, a não ser que já o tenha.
Isso foi o que aprendi sobre pessoas.

10 de Jullho de 2012