terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Ai Senhores


Ai senhores, que me faltam as palavras
Que isto nunca aconteceu antes
Ai senhores, não sei que fazer
Que isto nunca aconteceu antes
Não ter que dizer, a falta de assunto
Não, não me façam falar sobre o tempo
Sobre o mexilhão que se lixa sempre 
E agora como é que vou fazer?
Tenho dado por mim calada, introspectiva
Só penso em poesia e em histórias bonitas
Em histórias esquisitas,
E se o que me sair da boca não for poesia
Calo-me,
Se o que sair do meu corpo não for dança
Paro.
Mas as palavras, e as palavras?
Há dias que até tenho dado por falta da voz
Outros em que a voz se enferruja
De tantas horas calada
Ai senhores, ai senhores
Isto é de grande aflição
Pouco mais sei fazer que falar
Do que  fazer rir com as palavras absurdas
Leio, leio muito para que não me falte
Vocabulário, não vá o meu cérebro
Ter-se fartado do que tenho. Será que é
um castigo, isto agora de ser calada
E a concentração em que dou por mim?
Só mais motivo de preocupação. 
E pergunto-me: quem és tu?
Ai senhores, acho que estou a ficar
Ai, como é que se diz... Aquela palavra...
A... Adulta. Passa ao próximo e não ao mesmo.
Vai de retro, vai só...
E o silêncio volta
..................................................................................
(Ouve-se o vento soprar)
..................................................................................

Este silêncio 
Atira-se a mim como um cão raivoso
Com ordem para matar
Ai senhores, as minhas palavras
Estão-me a ser arrancadas uma a uma
Numa espécie de malmequer bem-me-quer
Ai senhores e eu?
Eu que só penso em poesia e em histórias bonitas
Em histórias esquisitas,
E se o que me sair da boca não for poesia
Calo-me,
Se o que sair do meu corpo não for dança
Paro.
Senhores, senhores. 

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