quarta-feira, 1 de maio de 2013

Um dia

Um dia.
Um dia viajo.

Um dia fujo. 
Aprendo a tocar piano. 
Canto ao espelho com uma caneta a fazer de microfone.
Aprendo a falar várias línguas fluentemente. 
Vejo desenhos animados o dia todo.
Pinto um quadro.
Ligo a três pessoas com quem não falo há muito.
Volto a estudar. 
Leio todos os livros que quero.  
Ando de baloiço. 
Faço bolas de sabão. 
Corro sem que as pernas me doam. 
Como as batatas fritas que me apetecerem. 
Escrevo um poema no prédio abandonado da cidade.
Faço um discurso em público sem que me faltem as forças.
Como um gelado sem me sujar. 
Atravesso a cidade com umas asas nas costas.
Compro toda a música que sempre quis ter.  
Faço uma viagem de comboio para um sítio ao calhas. 
Visto duas cores que não combinam.
Passo um dia inteiro calada.
Vou a um museu conhecido. 
Compro uma estante antiga.
Como três fatias de bolo com chocolate. 
Não choro a ver filmes sobre animais.
Tomo um banho imersão cheio de espuma. 
Fico na relva a ler o dia todo.
Não enjoo a andar de carro. 
Não me assusto facilmente. 
Não me comovo com tudo. 
Participo em discussões sobre política.
Deixo de ter medo de andar de avião.
Não terei medo de envelhecer
Serei precisa e metódica. 
Perceberei tudo o que é difícil.
Um dia. 


  





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