terça-feira, 15 de setembro de 2015

Perder alguém de quem se gosta

É como beber uma cerveja morta
Fica-se demasiado tempo com ela na mão
Perde-se  o gás e morre
É como ter um ataque cardíaco,
Dá uma dor no peito,
O sangue fica bloqueado e o oxigénio evapora
A cada sopro
O momento em que não se consegue respirar mais

Perder alguém de quem se gosta
É uma angústia e uma aflição
Que só quem já gostou nesta vida
Pode compreender
É ir a correr e levar um pontapé no estômago
É cair e costas do alto de uma montanha bem alta
É o momento a seguir ao comboio passar
A três centímetros de ti.

Perder alguém de quem se gosta
É um mergulho de chapão
Aquele momento do sonho em que parece que
Se cai, mas se está no mesmo sítio.
É um doce azedo
Uma cama de rede que rompe
É ficar soterrado debaixo de um prédio
Caminhar com bolhas nos pés

Perder alguém de quem se gosta
É o sol a ir-se embora e aragem fria que se levanta
Sabe a roupa molhada colada ao corpo
Por mais de um par de horas
São peões na estrada sem saber como vai acabar
Morrer um bocadinho ficando vivo
É ser consumido de dentro para fora
São gotas frias de chuva na cabeça

É uma luta entre a glória do que se perde
E o desconsolo do bom que fica
Das coisas que quebram mas não partem
Que doem mas não ferem

É o que é perder alguém

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