domingo, 22 de abril de 2012

Escrevi um texto que não é meu

Um conhecido, talvez um amigo da altura, que não vejo há muito, muito tempo. Uma pessoa perturbada, daquelas com vidas complicadas e que eu costumava ouvir, ele falava durante horas seguidas e eu só o ouvia. Pouco ou nada tinha para lhe devolver, era nova, inexperiente e a minha vida era complicada, mas só na minha cabeça atrapalhada. Um dia ele disse-me: Pega num papel e numa caneta e escreve o que te vou dizer. Hesitei. Ele insistiu: Escreve! Depois deitas fora. - Tomei nota do texto abaixo.   

"És tão bonita
Que me apetece passar a mão
Na tua cara
És tão diferente de tudo
Isso assusta-me
Tu és linda
Eu não desisto, mas ser forte
Não chega
Tenho mil exemplos à minha volta,
Quer deste lado, quer de inúmeras
Pessoas que passaram para o outro.
Sofri demais
Mesmo assim isso não chega para ser forte
Tu és gira.
És diferente
Isso é mau.
És tão bonita
Que só me apetece passar a mão
Na tua cara
É o que me apetece fazer agora
Mas não tenho força para isso.
É mais fácil deixar-me levar
Pela corrente, do que lutar
Com tudo o que já sofri directamente
E indirectamente
Mesmo assim a força não chega
Eu não desisto
A tua face é tão bonita
Que só me apetece tocar-lhe.
Dizer-te o quanto és diferente.
E o quanto isso me assusta.
Agora a força foge-me.
A cada passo da minha vida
Sem destino.
Mas no final de tudo.
E que nem sequer tem a ver contigo
Se eu morresse agora.
Morria feliz."

2001/2002

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