Olá insónia
Não nos
víamos há algum tempo
Chegas silenciosa
Mas eu sei que estás aí
Os meus
pensamentos parecem
Cardumes de
peixes no mar alto
Nadam de um lado
para o outro
As pálpebras
espetam-se-me
como lâminas fininhas nos olhos
como lâminas fininhas nos olhos
O meu corpo
parece um saco vazio
Depositado no
colchão
Contorce-se
em várias posições
Nada. O
vazio. O sono passa lá
Fora na rua. Aqui não.
Fora na rua. Aqui não.
Ouço
barulho
Acho que sou eu
Acho que sou eu
Parece o coaxar
de um sapo
É o meu
estômago
Tanto sítio para ele estar
E o desgraçado do sapo escolheu
A pernoitar no meu estômago,
Sentado num nenúfar
Tanto sítio para ele estar
E o desgraçado do sapo escolheu
A pernoitar no meu estômago,
Sentado num nenúfar
Ouço grilos,
mochos e todo o tipo
De animais noctívagos
Ninguém me obriga a ficar nesta
Selva por mais um segundo que seja
Ninguém me obriga a ficar nesta
Selva por mais um segundo que seja
Deambulo
pela casa, trauteio
Passo os dedos pelos móveis
Vejo através do vidro o remoinho
De folhas velhas e bocados
de molas da roupa partidas
Passo os dedos pelos móveis
Vejo através do vidro o remoinho
De folhas velhas e bocados
de molas da roupa partidas
Está um gato lá fora, sentado
Veio atraído pelos meus pensamentos
Também lhe parecem cardumes de peixes
Em alto mar. E disso percebe o gato.
Muito mais do que eu
Mas sei bem sobre animais nocturnos
Sei sobre o silêncio
Sobre a facada que será acordar
Isto se a insónia me fizer o favor
E eu chegar a adormecer
Se o sapo se calar
E o gato encher a barriga
Com os meus pensamentos
Esses cardumes de peixes
Em alto mar
Veio atraído pelos meus pensamentos
Também lhe parecem cardumes de peixes
Em alto mar. E disso percebe o gato.
Muito mais do que eu
Mas sei bem sobre animais nocturnos
Sei sobre o silêncio
Sobre a facada que será acordar
Isto se a insónia me fizer o favor
E eu chegar a adormecer
Se o sapo se calar
E o gato encher a barriga
Com os meus pensamentos
Esses cardumes de peixes
Em alto mar
Bem vinda ao meu mundo :/
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