Como duas brasas num céu
De lua nova
Lábios vermelhos,
Cor de sangue, sabor a romã
Cabelos enrolados como um arrozal velho
Roupa escura colada ao corpo
Camuflada com um espírito
Que queimava no arder da noite
Trazia sonhos e recordações
Tantos como poeiras cósmicas
Do universo
O peito, um acordeão a oscilar
Enquanto engolia uma sopa
De desilusões e desapontamentos
Esperava recarregar as forças
Até ao florescer da velhice
Num lugar onde a aurora existisse
Embalava-se num baloiço à espera
Que do seu peito se fizessem dálias
Que da insensatez nascessem pássaros
Tão livres quanto como um dente-de-leão
E a coragem viria por si só
Num rugir mudo
Trazia os olhos brilhantes
E raios de sol a trespassarem-lhe
Os buracos que trazia no peito
Os buracos feitos por mãos alheias
Invisíveis e de outros tempos
Preenchidos pelo amor de outros
Trazia o corpo mortiço
Arrastava-o na direcção do mar
Esperava que dele se fizesse espuma
Que se fizesse amor e compreensão
Que de repente tudo fosse novo
Tudo fosse espanto
Trazia um arco-íris de delírio
Nos seus olhos
E as mãos cheias de encanto.
Tens que começar a escrever coisas mais alegres :) Este é bom, mas está tanto sol que não vale a pena tanta depressão..
ResponderEliminarGostei seriamente!
ResponderEliminarSenhor Deckard, não é depressão é interioridade. E neste caso o sol não me serve de muito. Prometo que escreverei brevemente uma ode à alegria em dias de sol... Ass: A branca de neve.
ResponderEliminarDona Formiga, ainda bem gostou. Gosto sempre quando gosta. Também gosto de a ler.