quarta-feira, 1 de maio de 2013


A vida dói-me.
É assim na maior parte do tempo
Sejam os dias pequenos
Maiores
A vida dói-me.
Revolve-me.
Nunca me deixa em paz.
Um dia que seja.
A dormência sempre me doeu.
O desmoronar das pequenas coisas
As pedras a soltarem-se
Lentamente do meu coração
Os pensamentos a saltarem um a um
Da minha cabeça
Para o abismo
Para o desconhecido
Disseram que com idade ia melhorar
Mentiram-me.
Tudo se amarfanhou mais um pouco
Dentro de mim.
O vazio.
Onde continuo a pairar
À espera não sei de quê
A solidão continua a agarrar-se
Ao meu corpo, a abraçar-me
Não se solta, 
Como se fossemos uma só
Como se não houvesse um ponto
Em que nos dividíssemos.
A idade, o tempo
Dificilmente melhoram o que sentes
O que és,
O padrão do teu pensamento
Os contornos do teu coração.
Não sei se enquanto há vida,
Há esperança.
O que é isso? A esperança
É um bicho estranho de se ter
Dá trabalho a alimentar, a educá-la
Abro-lhe a janela
E mando-a embora.
É mais fácil assim.
Não preciso de esperança
Para manter o optimismo
Para me rir.
Fico olhá-la através da janela
E escrevo no vapor deixado
Pela minha respiração
“Go away”.
Eu fico bem.
Sempre fiquei.
A vida dói-me.
Revolve-me.
Nunca me deixa em paz.
Um dia que seja.
A dormência sempre me doeu.
O desmoronar das pequenas coisas
As pedras a soltarem-se
Lentamente do meu coração
Os pensamentos a saltarem um a um
Da minha cabeça
Para o abismo
Para o desconhecido
Não espero melhoras
Com o tempo, com a idade
O dia em que melhorar
O vazio.
Eu serei outra coisa qualquer
Muito longe do que se conhece
Do que se sente,
Do que não se vê.
E não consigo mostrar. 

2 comentários:

  1. Não me alegra que a vida te doa, nem um segundo! A dor não é uma coisa bonita. Contudo ouso confessar que se não fosse essa dor, este poema não existiria.
    Gosto de ti!

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    1. Só há uma hipótese de uma vida doída se tornar bonita, sendo escrita. Um beijo. Obrigada por estares aí. Devolvo o mesmo gosto, o mesmo apreço. <3

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