sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Desfoques

Tenho ido à praia de óculos porque me apetece, porque me estou a borrifar, porque sou muito crescida. Chego e guardo-os para não ficar com a marca dos óculos no nariz. Assim que os tiro na praia volto a ter 14 anos. O cabelo fica com mais volume. As pessoas que estão à minha volta deixam de ser pessoas para passarem a ser formas andantes, uma mancha cor de pele com duas cores coloridas se forem de biquíni ou só uma cor na zona das pernas se usarem calções. As pessoas são todas bonitas. Os que estão mais longe não têm sexo, são um híbrido esquisito que o cérebro não processa. Não sei que cor tem a bandeira. Não sei o que dizem as mensagens dos aviões. Não sei que expressões fazem as pessoas. Quando vou à água consigo saber onde é o meu lugar pela cor daquele rectângulo azul que presumo que seja a minha toalha. Gosto disto. Tiro os óculos e o mundo como o conheço, desaparece. Fico alienada de tudo à minha volta. Quando quero voltar a fazer parte do mundo, meto os óculos e lá está tudo outra vez. Sim... Há pouca coisa para fazer na praia e tenho que me entreter nos intervalos da leitura. Tiro os óculos. O mundo não está cá. Ponho os óculos... Tá, tá!
03/09/2013

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