terça-feira, 1 de novembro de 2011

Silêncio


Atiro palavras ao silêncio que não me ouve
Ao silêncio mudo
Onde é que está toda a gente?
Atiro palavras ao silêncio que faz eco
Ao silêncio que repete e me devolve
Me devolve o que digo mas o não o que quero
Atiro palavras à mão cheia, vejo-as dispersar
Nunca chegam ao destino, ou quando
Chegam já não são iguais às de origem
Não são iguais a nada que conheça

Atiro palavras ao silêncio dormente
Ao silêncio melancólico das coisas que
Ficaram por dizer ou das que foram ditas
E não tiveram qualquer efeito
Atiro palavras ao silêncio dormente
Palavras que foram deturpadas por outros
 Outros melancólicos e engolidos
Pelo seu próprio silêncio, esmagados
Pela sua dormência mascarada e muda
Atiro-as despojadamente, sei que não voltam

Atiro palavras ao silêncio desconhecido
Algumas não deviam ter sido ditas
Palavras feias, palavras bonitas
Atiro palavras ao silêncio desconhecido
Porque às vezes é o melhor remédio
O que não se diz também não se sabe
E o que não se sabe fica no silêncio
E somos todos mais felizes assim
Sem percebermos as verdadeiras intenções
E inventado uma explicação para atitudes

Palavras que não se dizem
Coração que não sente

Atiro palavras ao silêncio que não me ouve
Ao silêncio mudo
Ao silêncio desconhecido

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