Atiro palavras ao silêncio que não me ouve
Ao silêncio mudo
Onde é que está toda a gente?
Atiro palavras ao silêncio que faz eco
Ao silêncio que repete e me devolve
Me devolve o que digo mas o não o que quero
Atiro palavras à mão cheia, vejo-as dispersar
Nunca chegam ao destino, ou quando
Chegam já não são iguais às de origem
Não são iguais a nada que conheça
Atiro palavras ao silêncio dormente
Ao silêncio melancólico das coisas que
Ficaram por dizer ou das que foram ditas
E não tiveram qualquer efeito
Atiro palavras ao silêncio dormente
Palavras que foram deturpadas por outros
Outros melancólicos e engolidos
Outros melancólicos e engolidos
Pelo seu próprio silêncio, esmagados
Pela sua dormência mascarada e muda
Atiro-as despojadamente, sei que não voltam
Atiro palavras ao silêncio desconhecido
Algumas não deviam ter sido ditas
Palavras feias, palavras bonitas
Atiro palavras ao silêncio desconhecido
Porque às vezes é o melhor remédio
O que não se diz também não se sabe
E o que não se sabe fica no silêncio
E somos todos mais felizes assim
Sem percebermos as verdadeiras intenções
E inventado uma explicação para atitudes
Palavras que não se dizem
Coração que não sente
Palavras que não se dizem
Coração que não sente
Atiro palavras ao silêncio que não me ouve
Ao silêncio mudo
Ao silêncio desconhecido
Ao silêncio desconhecido
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