terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mirror Mirror on the wall

Os dias não são iguais uns aos outros
Os dias não são dias
Às vezes são noites

Não se podem chamar de dias
Estes que por aqui têm passado
São um emaranhado de acontecimentos

Feitos de correntes de ar
De um compasso, de um vazio
De batimentos cardíacos acelerados

Dias que desmancho com as mãos
Enrolo-os num cigarro e fumo-os
Todos de seguida até me doer a garganta

Bebo-os até tropeçar nos meus pés
Até rasgar as minhas meias
Depois de uma longa caminhada

Vivo-os até não ter mais nada para dizer
Mais nada para desejar
Até gastar toda a energia do meu cérebro

Consumo-os até não sentir mais nada
Até ser vencida por mim
E acenar ao espelho a bandeira branca

Ganhaste.
Nunca te vou poder parar
Gostar de ti e dizer que vai correr tudo bem

Nem sempre te reconheço
Tenho as respostas
Ou sei tudo como já soube um dia

Os dias não são iguais uns aos outros
Os dias não são dias
Às vezes são noites


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