Os dias não
são iguais uns aos outros
Os dias não
são dias
Às vezes são
noites
Não se podem
chamar de dias
Estes que por
aqui têm passado
São um
emaranhado de acontecimentos
Feitos de
correntes de ar
De um
compasso, de um vazio
De batimentos
cardíacos acelerados
Dias que
desmancho com as mãos
Enrolo-os num
cigarro e fumo-os
Todos de
seguida até me doer a garganta
Bebo-os até
tropeçar nos meus pés
Até rasgar as
minhas meias
Depois de uma
longa caminhada
Vivo-os até
não ter mais nada para dizer
Mais nada
para desejar
Até gastar
toda a energia do meu cérebro
Consumo-os
até não sentir mais nada
Até ser
vencida por mim
E acenar ao
espelho a bandeira branca
Ganhaste.
Nunca te vou
poder parar
Gostar de ti
e dizer que vai correr tudo bem
Nem sempre te reconheço
Tenho as respostas
Ou sei tudo
como já soube um dia
Os dias não
são iguais uns aos outros
Os dias não
são dias
Às vezes são
noites
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